Já há empresas a usar a Inteligência Artificial (IA) nos processos de recrutamento. Isso pode trazer benefícios, mas os especialistas deixam alertas!
A Inteligência Artificial já filtra currículos e realiza entrevistas a candidatos, mas especialistas apelam a equilíbrio e vincam relevância do contacto humano.
Essas ferramentas dão um contributo precioso na filtragem de candidaturas e servem para criar, por exemplo, guiões de entrevistas personalizados.
Ou seja, ajudam a que o empregador encontre o trabalhador certo.
“A presença e influência da Inteligência Artificial nos processos de recrutamento tem sido crescente nos últimos anos, e ganhou ainda mais destaque recentemente”, explicou Pedro Amorim, Corporate Sales Director do ManpowerGroup, ao ECO.
Inteligência Artificial no recrutamento
Segundo um estudo da empresa de Recursos Humanos, mais de sete em cada dez organizações já aplicam ou planeiam aplicar nos próximos três anos a Inteligência Artificial no recrutamento.
O objetivo é simplificar, acelerar e otimizar esses processos. Assim, perante um grande volume de candidaturas, a IA faz a triagem inicial, “libertando os recrutadores para analisar os currículos de forma mais eficiente”, sublinha Pedro Amorim.
Também Ricardo Parreira, CEO da PHC Software, concorda com a revolução que a IA está a criar no recrutamento. Este realça a filtragem automática de candidaturas e a potencialização da eficácia dos recrutadores.
Segundo o CEO, a Inteligência Artificial já é capaz de preparar guiões de entrevista personalizados, avaliar respostas, criar anúncios de emprego e até enviar emails personalizados aos candidatos.
Além disso, “torna-se até possível eliminar o ‘silêncio’ que muitas vezes é referido, com a falta de resposta às candidaturas”, explica Gonçalo Vilhena, CIO Randstad Portugal, isto “melhora consideravelmente a experiência dos candidatos”.
E os candidatos, o que pensam disto?
Mas nem todos os candidatos veem com “bons olhos” a implementação deste tipo de ferramentas.
No estudo feito pelo ManpowerGroup, somente 38% dos profissionais disse sentir-se confortável com a possibilidade da sua candidatura ser revista inteiramente pela IA.
Além disso, um terço dos inquiridos “discordou fortemente”, acerca de não terem qualquer interação humana até à entrevista final.
Ivo Bernardo, partner da DareData Engineering – a empresa portuguesa de Inteligência Artificial com maior crescimento (segundo o ranking da Clutch) – avisa que é importante ter em conta as diferenças entre setores e candidatos.
Por exemplo, a abertura dos candidatos da área da saúde – setor que se baseia no contacto humano e no cuidado – tende a divergir da dos candidatos da área tecnológica.
Fernando Matos, cofundador da consultora de base tecnológica Closer Consulting, afirma que os candidatos têm recebido de maneira diferente esta transformação.
“Alguns valorizam a rapidez e a eficiência que a tecnologia proporciona, enquanto outros podem sentir falta do elemento humano e da personalização no processo de recrutamento, pelo menos em fases mais iniciais”, explica.
Então, os especialistas recomendam ponderação, ou seja, aproveitar as potencialidades da Inteligência Artificial mas sem esquecer a importância de manter o elemento humano.
Resumindo…
A Inteligência Artificial no recrutamento tem diversas vantagens, como:
- Criação de chatbots, que fazem a pré-seleção dos candidatos;
- Filtrar currículos, conforme as especificidades da oferta e as palavras-chave dos mesmos;
- Realização de entrevistas a candidatos e avaliação das respostas;
- Preparação de guiões de entrevistas personalizados;
- Criação de anúncios de emprego;
- Envio de emails personalizados aos candidatos.