Portugal é um dos 11 países da União Europeia que apresentam um défice em competências digitais. Mais de metade da população portuguesa (55%) não acompanha a evolução digital.
Estima-se que, até 2020, mais de 90% dos postos de trabalho, na Europa, vão exigir competências, no domínio da área digital, reflectindo o papel decisivo da tecnologia e sua aplicabilidade, na vida profissional.
Na tentativa de colmatar parte desta lacuna, reunimos e explicamos as sete competências essenciais que as empresas estão a exigir aos seus colaboradores, no processo de recrutamento:
1 – Saber trabalhar com documentos digitais
Os documentos digitais são a verdadeira base de um empresa moderna. É necessário saber criar, organizar e distribuir documentos, através de aplicações direcionadas especificamente para empresas.
Para dar um exemplo, trabalhar um documento Word pode parecer simples mas, quando várias pessoas estão a trabalhar simultaneamente e podem alterá-lo, é importante saber trabalhar com “track changes”, de forma a perceber o histórico do documento, até à versão final.
Algumas ferramentas essenciais, neste ponto, são:
- Microsoft Office para criação de documentos, como folhas de cálculo (Excel), apresentações (PowerPoint) e elaboração de manuais ou reports (Word).
- Serviços, na Cloud, de armazenamento e distribuição de documentos e conteúdos, como a Dropbox, Google Drive ou MEO Cloud, que disponibilizam muita capacidade (em media 5 GB por utilizador) e acesso fácil em qualquer dispositivo, seja um portátil, tablet ou smartphone.
- As empresas estão sempre a produzir documentos, por isso, o desafio de manter a informação organizada é cada vez maior. Para facilitar este processo, existem aplicações como o Evernote que é gratuito para uso pessoal. Esta é uma boa ferramenta na organização do tempo e tarefas. Na procura de emprego, pode ser uma mais-valia para definir metas e prioridades. Este vídeo explica o seu funcionamento.
O domínio destas ferramentas pode significar ganho de tempo. Significa também conseguir comunicar de forma mais eficiente, contribuindo, assim, para melhorar o funcionamento do negócio ou organização e claro, no momento da entrevista de emprego esta é a competência base para ser seleccionado.
2 – Conseguir colaborar e fazer gestão de projectos
É vital que os membros de uma empresa consigam trabalhar em equipa, com um sistema de organização simples e partilhado por todos.
Com maior frequência, é pedido aos funcionários que colaborem em projectos de diferentes áreas, com colegas novos, em outros escritórios e em mobilidade. Hoje em dia, existem programas direcionados inteiramente para a gestão de tarefas em colaboração, como o Basecamp, Asana ou Trello.
Estes programas permitem uma constante monitorização, interacção e acompanhamento de toda a equipa. Não ter as competências necessárias deste ponto pode significar não cumprimento dos prazos e custos para a empresa.
Esta é uma competência que pode fazer a diferença quando mencionada, numa entrevista de emprego. Trabalhar em equipa é um dos pré-requisitos na selecção de pessoal. Aqui fica um exemplo de uma aplicação gratuita – o Trello.
3 – Perceber os conceitos fundamentais de Marketing Digital
Provavelmente a empresa a que se está a candidatar já tem uma estratégia de presença no meio digital, ou seja tem site, página no Facebook, perfil no Linkedin, blog e pode já utilizar ferramentas como o Google Adwords e Facebook Ads para fazer publicidade e atrair potenciais clientes ao seu site.
Embora não tenha de ser especialista nestas áreas, que podem ser mais técnicas e complexas, saber o que é o Google Adwords, o Email Marketing e o SEO, vai marcar mais pontos com o seu entrevistador.
Se tiver resistência a este tema, pense que é uma forma de aumentar a sua cultura digital e que lhe poderá trazer benefícios profissionais a curto prazo. Tem ao seu dispôr atualmente alguns sites, plataformas e claro o Youtube onde pode pesquisar e aprender estes temas. Veja este site em português, o eduke.me, dirigido a estes temas com cursos de introdução totalmente gratuitos.
4 – Compreender diferentes plataformas
Estar confortável em diferentes tipos de serviços e plataformas, sistemas operativos e de integração, é uma das competências mais importantes. A Cloud, os Smartphones, portáteis ou Tablets tornaram-se parte integrante da rotina diária, tanto pessoal como profissional.
Através destes dispositivos, sempre ligados à Internet, é possível continuar a trabalhar, mudando a ideia que o trabalho se realiza, em exclusivo, no escritório. O próprio ambiente de trabalho mudou. Existe maior liberdade, leva-se o próprio portátil ou tablet para a empresa (tendência chamada BYOD – Bring Your Own Device), onde PC’s e Mac’s da empresa podem coexistir com os dispositivos pessoais.
Hoje em dia, dominar várias plataformas pode ser um factor de diferenciação na selecção de currículos. A lista de informações complementares do seu currículo deve conter, pelo menos, dois a três tipos de plataformas diferentes.
Veja este vídeo que explica, de forma divertida, esta nova competência.
5 – Usar vários canais de Comunicação
É necessário entender os vários canais de comunicação que as empresas atualmente disponibilizam aos seus clientes. Esta competência permite gerir, com eficácia, os vários níveis de interacção com o cliente, desde o pedido de informação, via site, até ao suporte pós-venda, via chat, ou telefone.
O e-mail é a base desta competência. No entanto, é apenas uma das formas de comunicação digital. Outros serviços como o Talkdesk (call center no browser), Zendesk ou Zopim (atendimento via chat) – funcionam como complemento, pois integram vários canais e reúnem a informação num único repositório. A comunicação torna-se, assim, mais eficiente para um serviço ao cliente de qualidade.
6 – Dominar a “Etiqueta” digital
Também conhecida como “netiqueta”, esta competência está relacionada com as regras da comunicação dentro e fora da empresa. A Media social continua a multiplicar-se, em diferentes plataformas. Ao mesmo tempo que é um desafio, acarreta também alguns riscos.
Para trabalhar num ambiente digital é preciso ter, não só a formação básica em comunicação, como também uma visão geral das leis de copyright para evitar transtornos desnecessários. As empresas e seus trabalhadores precisam entender que a etiqueta digital tem a mesma importância que a comunicação “face-to-face”. Caso não ajam em conformidade com esta realidade, correm o risco de perder produtividade e afastar clientes que têm, cada vez mais, o poder para causar sérios danos na imagem da empresa.
Existem já vários casos de despedimentos por comentários inapropriados, em redes sociais, como, por exemplo, a executiva Justine Sacco, que colocou, no Twitter um comentário racista, antes de viajar para África (“Vou para África, espero não apanhar SIDA. Estou a brincar, sou branca”). Apesar do pedido de desculpa formal, foi despedida da sua empresa. Por isso é muito importante ter atenção ao conteúdo que se partilhada online.
7 – Saber fazer pesquisas
O crescimento da Internet e a massificação de dispositivos móveis e disponibilização de conteúdos veio mudar a forma como se realizam pesquisas para encontrar a informação relevante com o mínimo de investimento de tempo.
O desafio é dominar o excesso e a fragmentação. Por exemplo, no Google, podemos utilizar a pesquisa avançada com filtros, para chegar ao resultado que nos interessa em poucos segundos. Podemos também pesquisar por temas e canais no Youtube, para encontrar o vídeo mais completo que nos ensine, em 1 minuto, a incluir um vídeo na nossa apresentação de PowerPoint.
É necessário um entendimento da lógica de pesquisa e de como os conteúdos são indexados pelos motores de pesquisa. Caso contrário, a produtividade pode ser afetada de duas formas:
- A energia e tempo estão concentrados apenas na pesquisa porque não existe o domínio e das ferramentas de pesquisa.
- Dificuldade em reconhecer quais são os documentos realmente importantes, implicando grande investimento de tempo, na triagem e seleção dos conteúdos mais relevantes.
Aqui fica um vídeo formativo de como tirar partido da pesquisa avançada do Google.
8 – Compreender questões de segurança e privacidade
As ameaças digitais à segurança das empresas estão cada vez mais sofisticadas e estas falhas constituem um perigo cada vez maior. Entender as ameaças e saber prevenir eventuais falhas na segurança e privacidade é controlar o acesso à informação privada e aos IP’s das empresas.
A falta de formação dos colaboradores em segurança e privacidade custa às empresas muito tempo e recursos e, em casos mais extremos, pode resultar na perda de clientes.
Saber tirar partido desta lista de competências pode ser muito vantajoso, na procura de emprego. O currículo vitae deve conter não só a experiência profissional, mas o resumo de aptidões adquiridas.
As empresas, na altura do recrutamento, estão a dar preferências às pessoas que, além do domínio das funções para o lugar disponível, tenham também competências digitais. Como expusemos, neste artigo, estas competências são decisivas na escolha do candidato/a certo.