O teletrabalho passou a ser parte estrutural das estratégias de gestão e da cultura organizacional das empresas, mas é o modelo de trabalho híbrido que mais se destaca.

O estudo “Teletrabalho em Portugal: Desafios e Oportunidades do Futuro”, realizado pela Worx Real Estate Consultants em parceria com a Gi Group Holding, revela que 1.146.100 pessoas trabalham atualmente à distância em Portugal, representando 21,8% da população empregada.

Desde meados de 2022, pós-pandemia, este valor tem oscilado entre 17,5% e 21,8%, sinal de que o modelo remoto passou a fazer parte das organizações.

Modelo de trabalho híbrido domina

O estudo revela que 41,7% dos colaboradores trabalhar em regime híbrido, com uma média de três dias de trabalho remoto por semana. Já totalmente à distância o valor é de 21,9%.

A maioria dos profissionais considera o modelo híbrido como a melhor solução (56%), combinando dias em casa e no escritório. Já 26% preferem o trabalho totalmente presencial e 18% o remoto integral.

Os dados mostram ainda um perfil dominante entre quem trabalha à distância: 74,3% têm formação superior, 51,6% são mulheres e 75,8% têm mais de 35 anos.

Entre os benefícios mais valorizados pelas empresas e trabalhadores estão o equilíbrio entre vida pessoal e profissional (92%) e a retenção de talento (84%). Em contrapartida, os principais desafios continuam a ser a integração de novos colaboradores (76%) e o impacto negativo na cultura organizacional (69%).

As empresas estão a ajustar os seus modelos

“As empresas estão a ajustar os seus modelos e muitas já aumentam os dias remotos por semana”, explica Nuno Troni, Diretor de Search & Selection da Gi Group Holding.

O regime de trabalho tem vindo a ser um dos fatores que mais pesa nas decisões profissionais, além do salário. Embora traga flexibilidade e bem-estar, “o trabalho híbrido exige novas formas de reforçar a cultura e a ligação entre as pessoas”.

Os resultados do inquérito mostram ainda que a dimensão das empresas influencia a adoção do teletrabalho.

As grandes empresas lideram, com apenas 10% sem este regime e a maioria a oferecer entre dois a dois dias e meio de trabalho remoto. As PME estão a aderir gradualmente, cerca de um terço ainda não oferece teletrabalho, mas entre as que o fazem, 44% permitem entre um e um dia e meio por semana.

Setor tecnológico tem mais flexibilidade

O setor tecnológico destaca-se pela maior flexibilidade, 56% dos profissionais trabalham mais de três dias à distância e não há casos identificados de empresas que o proíbam.

Seguem-se as áreas de informação e comunicação (79,9%), financeiro e seguros (57,1%), consultoria científica e técnica (51,2%), educação (48%) e imobiliário (45,6%).

Nos setores de finanças e consultoria, entre 68% e 80% dos colaboradores têm entre um e dois dias e meio de teletrabalho por semana, enquanto na construção e imobiliário, 38% têm um a um dia e meio e 35% não usufruem de qualquer dia remoto.

Governo quer reconhecer teletrabalho híbrido

O estudo revela ainda que 47% dos trabalhadores em teletrabalho não têm um acordo formal sobre o regime, enquanto 45% afirmam tê-lo.

Na maioria dos casos (40%), o controlo e implementação do modelo dependem diretamente dos líderes de equipa, e 29% das empresas não aplicam qualquer sistema de monitorização.

Este estudo contou com mais de 160 respostas de gestores e decisores empresariais de diferentes setores.

Fonte: RH Magazine