Os portugueses são a população com menos qualificações na Europa. O nosso país apresenta uma população significativamente menos escolarizada.

A população portuguesa ainda apresenta um grave défice de qualificações relativamente aos países europeus, sobretudo devido à falta de qualificação dos adultos mais velhos.

Por sua vez, os jovens estão cada vez mais qualificados. O aumento das qualificações tem-se verificado de forma mais marcada nas mulheres.

Portugueses com menos qualificações da Europa

Cerca de metade dos adultos não concluiu o ensino secundário

Em 2019 quase 50% os portugueses dos 25 aos 64 anos não tinham o ensino secundário completo.

A par com Portugal encontravam-se Malta, Espanha e Itália, sendo o nosso país o mais extremo.

Pouco mais de 25% dos adultos completou o ensino superior

Nas qualificações mais elevadas, Portugal aparece melhor posicionado, no entanto, continua a ser um dos países com menor percentagem de adultos com ensino superior.

Em 2019, apenas cerca de 1 em cada 4 portugueses entre os 25 e os 64 anos tinha completado o ensino superior (26,3%).

Assim, os níveis de ensino superior na população ativa em Portugal são baixos quando comparados com países como a Irlanda, o Luxemburgo e a Finlândia.

Nos gráficos seguintes, pode-se ver a posição de Portugal, face aos outros países da Europa, em termos de escolaridade (básico, secundários e superior):

No entanto, apesar deste défice, Portugal assistiu a uma melhoria substancial dos índices de qualificações da população na última década.

Em 2011, o valor de portugueses com no máximo o ensino básico diminui. Assim como, a população com o ensino secundário ou superior aumentou.

O crescimento do nível de educação é mais visível entre os jovens em idade ativa (25-34 anos). Sendo isto consequência do aumento da escolaridade obrigatória até aos 18 anos ou conclusão do ensino secundário, implementado em 2009.

Portugal é o país com diferenças inter-geracionais mais fortes

Esta grande diferença inter-geracional em Portugal poderá ser responsável por desafios à integração dos mais jovens no mercado de trabalho.

Isto é, 46% dos empregadores portugueses tem no máximo o 9º ano de escolaridade e esta falta de qualificações dos empregadores tem implicações na resposta às constantes alterações do mundo do trabalho.

Assim, é natural que os fortes défices educativos que caracterizaram Portugal no passado continuem a ter efeitos no presente e no futuro.

Portugueses não frequentam formação contínua

A formação contínua dos adultos é necessária para fazer face às mudanças do mercado de trabalho. Entre elas, a transformação digital e a generalização da automação dos processos.

Em 2020, a percentagem de adultos portugueses que reportou ter participado em educação ou formação nas semanas anteriores ao inquérito foi de 10%.

Mas, embora seja um valor extremamente baixo, não está distante da média europeia, tendo-se esta fixado nos 10,8%.

Note-se que nem Portugal nem a Europa atingiram a meta que a União Europeia tinha estabelecido para este indicador em 2020: 15% de adultos entre os 25 e os 64 anos a participarem em educação ou formação.

Abandono escolar diminuiu

Em 2020, cerca de 8,9% dos jovens entre os 18 e os 24 anos tinham abandonado a escola, não obtendo assim qualquer qualificação que os prepare para o mercado de trabalho.

Mas apesar desta descida, há realidades muito díspares entre géneros e regiões de Portugal.

A taxa de abandono precoce diminuiu para ambos os sexos, mas continua a ser mais elevada entre os homens.

Outra dimensão com diferenças significativas diz respeito à incidência do abandono escolar nas regiões do território nacional. As regiões dos Açores, Algarve e Alentejo foram onde se registaram as taxas de abandono mais elevadas.

A União Europeia estabeleceu como meta para 2020 a taxa de abandono escolar precoce ficar abaixo dos 10%. Portugal conseguiu ultrapassar esta meta, fixando-se nos 8,9%.

Para a redução da taxa de abandono escolar contribuiu também o reforço do ensino profissional, tendo sido alargado às escolas públicas.

Mais jovens a completar o ensino superior

São cada vez mais os jovens que terminam o ensino superior, aproximando assim Portugal da média europeia neste indicador.

Na última década, os mestrados ganharam importância, representando 15% das qualificações da população jovem.

Acrescente-se ainda que, a maioria dos diplomados do ensino superior são de famílias sem estas qualificações, traduzindo-se assim numa mobilidade educacional ascendente.

Dentro desta faixa etária, nota-se ainda a disparidade entre sexos, sendo as mulheres quem mais completa o ensino superior. Assim, há mais mestres e doutoradas do sexo feminino.

Também são notórias diferenças nas escolhas das áreas de estudo, sendo as mais escolhidas pelas mulheres “Saúde e proteção social”, “Educação” e “Ciências Empresariais”.

 

Assim, os portugueses são a população com menos qualificações da Europa, mas caracteriza-se ainda por um ritmo acelerado de crescimento dos níveis de ensino mais elevados entre os mais jovens.

A coexistência destas duas tendências resulta num forte gap inter-geracional e coloca desafios particulares ao sistema de ensino e mercado de trabalho em Portugal.

Fonte: Fundação José Neves