O fosso salarial, em Portugal, entre o homem e a mulher tem vindo a registar uma descida desde 2013, contudo as trabalhadoras portuguesas continuam a ganhar menos que os trabalhadores portugueses, menos 18,2%. Estes dados foram retirados da ferramenta Barómetro das Diferenças Remuneratórias entre Mulheres e Homens, um recurso criado ao abrigo da nova lei da igualdade salarial entre géneros.

Na primeira iteração do barómetro, foram ponderados os rendimentos recebidos em 2017 por 2.873.467 trabalhadores por conta de outrem, que trabalham com 290.323 empresas por todo o país.

Numa análise geral, 48% dos trabalhadores dependentes são do género feminino, estando em causa aproximadamente 1,4 milhões de trabalhadoras. Em relação aos dependentes a tempo parcial, 68,2% dos trabalhadores são do género feminino e 31,8% do masculino. No que diz respeito ao trabalho a tempo completo, 53,6% são mulheres e 46,4% são homens.

Sobre as remunerações, o recurso Barómetro das Diferenças Remuneratórias entre Mulheres e Homens destaca uma diferença de géneros de 18,2% em termos de remuneração média ganho (valor ilíquido que inclui período normal e extraordinário). Numa perspetiva de valores salariais, enquanto um trabalhador do género masculino recebe, em média, 1.233,59 euros mensais, uma trabalhadora do género feminino recebe apenas 1.009,33 euros.

Em relação à remuneração média base – ou seja, o valor referente apenas ao período normal – o fosso é ligeiramente menor, estando nos 14,8%. Este indicador vem demonstrar que um trabalhador ganha 1.008,76 euros, em média, e uma trabalhadora 859,12 euros.

Destes resultados, destaca-se a importância destes valores serem os mais baixos desde 2010, o ano em que o fosso salarial rondava os 20,9%, na remuneração média ganho e os 18% na remuneração média base.

Em termos de dimensões da empresa, o Barómetro indica que é nas empresas mais pequenas (menos de 50 colaboradores) que existe uma menor desigualdade de salários entre géneros: 13% em termos de remuneração ganho e 10,9% em termos da remuneração base. Contudo, é nas empresas de média dimensão (igual ou superior e 50 colaboradores) que o fosso é maior: 22% de remuneração ganha e 18% de remuneração base. Em relação a empresas de maior dimensão (igual ou superior a 250 colaboradores), esta diferença é de 16,4% em remuneração base e 20,6% em remuneração ganha.

A nível setorial ajustado (tendo em conta a profissão, o nível de qualificação, a habilitação literária e a antiguidade no emprego), são destacadas as atividades dos organismos internacionais e outras instituições extraterritoriais, onde o fosso é o mais elevado: 46,2% em remuneração base e ganha.

Num sentido inverso, o setor da Administração Pública e Defesa é o que regista uma menor diferença, em termos de remuneração ganha: cerca de 8,9%. Já a remuneração base, as atividades financeiras e seguros ficam mais perto da igualdade salarial – possuem um fosso de 7,1& e 9,2% na remuneração ganha).

Em termos regionais, Setúbal é a cidade que regista uma maior desigualdade, 24,9% na remuneração ganha e 18,2% na remuneração base. Já Bragança é a cidade com um menor fosso salarial entre género (5,8% de remuneração ganha e 3,4% de remuneração base). Como referência, a cidade de Lisboa tem um fosso de 18,8%, que corresponde à remuneração ganha e 16,1% na remuneração base.

 

Fonte: ECO