Através dos dados fornecidos pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), foi possível determinar que, em termos financeiros, ainda compensa tirar uma licenciatura. Contudo observou-se uma queda nesses termos em relação ao ano passado.

Em 2017, a remuneração média mensal base, em Portugal, chegava aos 973 euros líquidos. Para os licenciados, a média era de 1547, 17 euros mensais, 64% superior à média nacional. No caso dos mestrados, o salário era 62% acima da média nacional, enquanto que um doutoramento permitia um salário 145% superior. Apesar de ter existido uma queda nas vantagens financeiras relativamente à qualificação superior, esta diminuição não é recente.

Em 2007, um licenciado podia receber o dobro do montante médio nacional obtido pela generalidade dos trabalhadores. O rendimento médio mensal nacional era 806,07 euros na totalidade. Dito isto, um licenciado ganhava em média 1656,07 euros, enquanto que os mestres recebiam 1738,08 euros e os doutorados 2083,54 euros, mais 115,6% e 158,5%, respetivamente.

Um dos motivos apontados para esta queda tem como base a pré-crise, que começou em 2008, onde a valorização monetária em relação à formação superior começou a descer.

Segundo o Diretor da Consultora de Recrutamento Hays, Mário Rocha, a queda de competitividade salarial dos licenciados pode estar relacionada com os altos índices de desemprego, a nível nacional. Afirma ainda que existem muitos profissionais qualificados que, em situação de desemprego, tiveram que aceitar funções abaixo das suas qualificações e com uma baixa remuneração.

Este estudo do INE também demonstrou que os mestrados estão a perder valor em termos de remuneração em relação às licenciaturas. Em 2010, era registado um aumento financeiro de 6% no salário de mestre, face ao licenciado. Entretanto, desde 2014 que se observa o contrário, onde os mestres estão a ganhar, em termos médios, menos que os licenciados, valores entre 1% e 2%.

Para este aspeto, a descida de valor poderá ser fundamentada, por um lado, pela alteração dos currículos do ensino superior e a criação do método de mestrados integrados, resultante do Processo de Bolonha. Por outro lado, (tendo em conta que os dados do INE integram a totalidade da população desempregada), os mestrados só começaram a generalizar-se entre os jovens e apenas nos últimos anos, uma vez que as gerações anteriores são predominantemente licenciadas.

 

Fonte: Expresso