A maioria das empresas portuguesas que experimentaram a semana de quatro dias de trabalho decidiu não voltar atrás, indica o relatório final desse projeto-piloto.
O projeto-piloto da semana de quatro dias de trabalho consistiu num teste de seis meses, voluntário e reversível, no setor privado, sem cortes salariais e sem qualquer contrapartida financeira do Estado.
Foram 21 as empresas que começaram em Junho de 2023 a testar a semana mais curta. Destas, apenas 4 decidiram não manter este sistema, revela o o relatório final, divulgado pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP).
Das restantes, cinco optaram por “reduzir a escala da semana de quatro dias”. Assim, duas mantiveram a redução para 36 horas e passaram a dar a tarde de sexta-feira aos seus trabalhadores, outra começou a experimentar a quinzena de nove dias e duas outras vão reduzir a semana de trabalho apenas durante os meses do verão (de Junho a Agosto).
Além destas empresas, outras 20 associaram-se a este projeto-piloto e começaram a experimentar a semana de trabalho mais curta e “metade já considera o novo formato como permanente”.
As mudanças de processos são essenciais
Pedro Gomes, um dos coordenadores, explicou ao ECO que o teste correu melhor entre as empresas que fizeram mais mudanças internas, por exemplo, ao nível das reuniões, do trabalho em equipa e da adoção de tecnologia.
“Entre as empresas que mudaram dois ou mais processos, 92% mantêm a semana de quatro dias. Do outro lado, nas empresas que não fizeram qualquer alteração, só 62% mantiveram esse formato”, refere.
Assim, é preciso uma mudança grande na organização do trabalho, quanto mais mudanças, melhor corre operacionalmente.
Segundo o coordenador, este estudo permitiu perceber que “a semana de quatro dias é uma prática de gestão legítima”.
Semana de quatro dias de trabalho em Portugal. O que isso implica?
Quais as vantagens apuradas, para empresas e trabalhadores?
Para as empresas, verifica-se o aumento da atratividade no mercado de trabalho, a melhoria do funcionamento das equipas e do trabalho criativo.
Além disso, “80% dos administradores avaliam o teste como financeiramente neutro. Apenas uma organização teve de contratar mais trabalhadores”.
Já para os trabalhadores, há a destacar a redução do absentismo, a queda “evidente” da exaustão e desgaste e o melhor equilíbrio entre trabalho, família e vida pessoal.
O projeto-piloto permitiu perceber ainda que são os trabalhadores com salários e qualificações mais baixas que valorizam mais a semana de quatro dias de trabalho.
Assim, o projeto-piloto da semana de quatro dias de trabalho chegou ao fim, mas as empresas que tenham interesse em testar esse modelo vão ter apoio da equipa coordenadora.
Vai-lhes ser disponibilizado, a partir do último trimestre deste ano, um kit de iniciação (ou starter pack).