emigrar para angola

Cada vez mais Portugueses estão a ponderar emigrar para Angola. Recolhemos vários testemunhos de quem já deu “o salto” e a opinião é unânime: a adaptação não é fácil, mas compensa a  longo prazo.

 

Planear bem:

A primeira coisa a fazer é ponderar os prós e contras desta mudança de vida. A sua motivação é a correcta? Está a pensar emigrar porque tem vontade de conhecer novos mercados de trabalho e ajudar a desenvolver um país? Ou por pura necessidade? Se for a segunda opção, então prepare-se para encontrar muitas dificuldades. Um dos conselhos que nos deram foi “Se têm dúvidas não venham… A adaptação é sempre difícil.”

Se está realmente motivado, está na hora de procurar emprego. Pode fazê-lo nos sites de emprego portugueses ou em jornais. Existem, também, várias agências de recrutamento especializadas na selecção de profissionais portugueses para trabalhar em Angola.

Somente depois de receber uma proposta de trabalho é que deve decidir se vai para aquele país africano.

Emprego em Angola:

Encontrar emprego não é difícil e quase todas as áreas profissionais estão a recrutar portugueses. No entanto, muitos emigrantes acabam por não trabalhar na sua área de especialização.

O horário de trabalho é mais alargado – por norma 44h, já que é comum trabalhar ao sábado de manhã.

Analise o contrato de trabalho com muita atenção, especialmente no que toca às regalias e ajudas de custo. É importante perceber se a empresa ajuda com a habitação, alimentação, transportes e viagens, bem como qual a duração do contrato.

O País:

Angola tem muitas paisagens diferentes – deserto, cidade, selva e praia. O Clima é um dos prós: sendo tropical, as temperaturas são quase sempre elevadas (acima dos 15 graus, mesmo no Inverno/”Cacimbo”), à excepção da região interior. Pode chover em qualquer altura do ano e a temperatura do mar é mais elevada do que em Portugal.

Antes de Emigrar para Angola:

O processo é moroso e dispendioso. Para poder entrar no país precisa de:

Visto – Inicialmente o Visto Ordinário, concedido por razões de prospecção de negócios, é suficiente. Tem 30 dias de validade (pode ser prorrogado duas vezes) e pode pedir a sua emissão no Consulado de Angola. Após estes 3 meses, a empresa contratante deverá tratar do seu Visto de Trabalho.

Outros documentos – Para tirar o visto, é necessário que apresente:

  • o seu passaporte (com validade mínima de 9 meses e 2 folhas seguidas para a aposição do visto)
  • duas fotografias tipo-passe
  • formulário e ficha de Visto
  • fotocópia do BI/Cartão do Cidadão (com validade mínima de 3 meses)
  • Carta Convite (e fotocópia do documento de identificação) escrita por um residente ou empresa angolana.
  • Comprovativo de Meios de subsistência (equivalentes a 145€ por dia) – em alternativa, quem escreve a carta convite pode assegurar o seu alojamento e despesas
  • Fotocópia do comprovativo de reserva de viagem de ida e volta;
  • Registo Criminal

O visto tem o custo de 120,60€ e deve ser utilizado 60 dias após a sua concessão.

Vacinas –Para viajar é obrigatório ir à consulta do viajante, adquirir o boletim de vacinas internacional e levar as devidas vacinas. Sem o boletim internacional não se entra no país.

Procurar alojamento – Algumas empresas fornecem habitação ou ajudam os candidatos a encontrar uma casa para alugar. Se este não for o seu caso, existem vários sites especializados que poderá pesquisar.

Língua:

Um dos motivos pelo qual muitos portugueses optam por emigrar para Angola é a língua, já que a oficial é o português. No entanto, existem 18 dialectos diferentes, pelo que, nas zonas mais isoladas, poderá ser difícil compreender as conversas.

Custo de Vida:

As opiniões foram unânimes. O custo de vida é muito elevado, especialmente na capital, Luanda. A moeda é o kwanza (1€ = 136,22 Kwanzas) mas as negociações com os portugueses são quase sempre feitas em Dólares Americanos (USD).

  • Alojamento: Alguns contratos profissionais incluem a habitação, já que a mesma é bastante dispendiosa. O aluguer de uma apartamento fica sempre acima de 1100€ por mês. Os condomínios são mais caros, mas também asseguram a segurança e o conforto.
  • Viagens: Confirme com a empresa contratante se tem viagens pagas. Se não, saiba que as viagens de e para Portugal também são dispendiosas (cerca de 1010€ na época do Natal), mas ficam mais baratas se compradas com antecedência ou em pacote (várias viagens). Também é mais vantajoso fazer vôos com transbordo.
  • Compras de Supermercado: As compras para a casa (comida, detergentes e artigos de casa de banho) ficam sempre acima dos 300€, mas há quem diga que gasta, em média 1100€ por mês.  

Assim, um salário inferior a 2000€/mês é de recusar. Não se esqueça que existem custos extra, como infantários, escolas, ginásios, internet, telemóvel e outros.

Segurança:

Muitos portugueses ficam de pé atrás quando têm a oportunidade de emigrar para Angola, porque a falta de segurança é uma realidade constante. Quem já lá vive corrobora, mas afirma que é fácil aprender a evitar assaltos.

  • Discriminação: Alguns Portugueses sentem discriminação e antipatia por parte de Angolanos.
  • Condomínios: Para garantir a segurança, muitos emigrantes optam por residir em condomínios fechados, onde têm vigilância e existem menores hipóteses de assalto.
  • Assaltos: Para não ter problemas, evite andar sozinho ou parar o carro nos bairros/zonas mais problemáticos e não tente resistir a um eventual assalto.

Zonas ideais:

Luanda, a capital, tem o maior número de ofertas de emprego. No entanto, as regiões onde a qualidade de vida é melhor são o Lubango, Porto Amboim e Benguela. Ali, o custo de vida é inferior e existe mais segurança.

Transportes:

Algumas empresas fornecem carro para as deslocações do profissional. Se este não for o seu caso, aconselha-mo-lo a comprar um veículo, já que este é o meio de transporte preferencial. As estradas para Benguela, Kwanza-Sul, Malange, Huíla e Namibe estão em boas condições e proporcionam uma boa viagem.  Já as que levam para as regiões do Zaire, Moxico, Kwanza-Norte e Cunene, têm poucas condições, pelo que pode ser necessário um carro todo-o-terreno.

Em alternativa, pode optar por fazer a viagem de avião.

Saúde:

  • Caso precise de assistência médica, opte pelas clínicas privadas. O sistema público, ao contrário do que acontece em Portugal, não fornece cuidados suficientes. Pode negociar o acesso a cuidados médicos no seu contrato de trabalho.
  • Beba sempre água engarrafada.
  • Convém utilizar repelente, já que os mosquitos podem transmitir dengue ou malária. Estas doenças são facilmente tratáveis, mas incómodas.

Outras informações relevantes:

  •  O abastecimento de água e electricidade pode sofrer algumas interrupções durante o dia;
  • A cobertura de rede para telemóveis é boa.
  • “A internet móvel é cara, tem dias em que é lenta e não tem cobertura em todas as zonas, mas está a melhorar de dia para dia.”
  • A carta de condução portuguesa só pode ser utilizada durante 180 dias. Depois, deverá tirar a carta angolana ou internacional.
  • A vida social é agitada, e Angola tem vários restaurantes e bares/discotecas onde os emigrantes podem descontrair depois de uma semana de trabalho.
  • Os ginásios estão na moda, mas uma mensalidade pode ir dos 110€ aos 580€.

 

Em suma, para emigrar para Angola é preciso muita motivação! Negoceie o seu contrato de trabalho para incluir regalias como habitação, carro e cuidados médicos.